sexta-feira, 17 de junho de 2011
sexta-feira, 3 de junho de 2011
Memória e Aprendizagem
Tópicos do Artigo: Memória e Aprendizagem
Por, Rodrigo Pavão
A formação de novas memórias envolve mudanças nas sinapses existentes ou a formação de novas sinapses essas alterações levam à alteração e estabelecimento de circuitos neurais que representam as memórias arquivadas.
As primeiras indagações de que se têm notícia na história da humanidade sobre a natureza da memória foram formuladas pelos filósofos gregos e, posteriormente, reformuladas pelos pensadores iluministas.
A lembrança de combinações estudadas semanas antes evidencia que atividade cerebral persevera após novo aprendizado. Essa atividade é resultante do processo de consolidação das memórias. Esses resultados sugeriram a existência de diferentes tipos de memória, incluindo uma memória que dura poucos segundos ou minutos, suscetível a interferências e não consolidada, e memória que dura dias ou semanas, robusta e resistente a interferências, e consolidada.
Em seu livro Principles of Psychology, William James (1890) denominou esses tipos de memória como memória consciente primária e memória consciente secundária, respectivamente. Além disso, esse autor mencionou também, em capítulos distintos, “habilidades / hábitos”, envolvendo experiência não consciente. Curiosamente, essas idéias foram ignoradas até a década de 1960.
Cognitivismo, investigava não apenas como estímulos geravam reações, mas também os processos não observáveis diretamente, mas que intervêm entre o estímulo e a resposta. Essa escola de pensamento admite a flexibilidade do comportamento animal, incluindo conceitos como representação, criação, inteligência, memória e atenção, conceitos não admitidos pelo behaviorismo por não serem restritos à relação entre estímulos e respostas.
A diferença existe apenas condição padrão de criação. Os autores concluíram que tanto fatores inatos como ambientais influenciam o comportamento. Observa-se que quanto menor o intervalo de tempo entre o choque nas patas e o choque eletroconvulsivo, maior é o prejuízo de memória aversiva sobre o ambiente escuro. Porém, a medida que esse intervalo de tempo aumenta, menor é o efeito, como se o choque eletroconvulsivo perdesse sua efetividade para “apagar” a memória molecular.
A maioria das proteínas presentes estava marcada tanto com valina-H* quando com valina-C*; porém, algumas delas estavam mais marcadas com valina-H*, indicando que elas se originaram no cérebro dos animais que aprenderam a tarefa; essas proteínas foram denominadas ependiminas.
Parece haver uma Memória de Curta Duração, baseada na atividade elétrica dos neurônios e, assim, um tanto suscetível a interferências e uma Memória de Longa Duração, representada por alterações estruturais dos neurônios, particularmente nas sinapses com outros neurônios, robusta e resistente a interferências.
Para testar essa idéia ele fez incisões no córtex antes ou depois do animal aprender a tarefa; então, avaliava o desempenho do animal, tentando correlacionar a extensão das lesões, com seu desempenho. O autor descreveu que os prejuízos de aprendizagem e memória se correlacionam com a extensão da lesão, mas não com sua localização.
Pensa-se, atualmente, que os ratos solucionam a tarefa valendo-se de diferentes modalidades sensoriais (visão, propriocepção, tato, olfato etc.) e estratégias (orientação alocêntrica, egocêntrica etc.); quando as lesões são pequenas, os ratos podem aprender e lembrar a solução usando as modalidades preservadas; quando as lesões são extensas, o rato é incapaz de aprender ou lembrar do labirinto.
Aparentemente, o hipocampo (e outras estruturas do lobo temporal medial) é fundamental para a reverberação da atividade neural, que leva ao arquivamento de informações sobre eventos experienciados. Essa reverberação seria essencial para o arquivamento das informações sobre “o que” ocorreu, mas não sobre “como” desempenhar uma tarefa percepto-motora.
As memórias “saber como” são atualmente denominadas memórias implícitas (o que faz bastante sentido, pois é muito difícil declarar como se anda de bicicleta) e “saber que” são denominadas memórias explícitas.
A memória de curta duração, preservada em amnésicos e parkinsonianos, usada corriqueiramente para guardar, por exemplo, um número de telefone obtido numa lista (e quando terminamos de teclá-lo já não somos mais capazes de declará-lo), está associada ao funcionamento dos córtices frontal e parietal. A memória de curta duração é frequentemente denominada memória operacional. Assim, memória vem sendo classificada em memória de curta duração ou memória operacional e memória de longa duração. Por sua vez, a memória de longa duração pode ser subdividida em memória explícita e memória implícita.
Transtorno Bipolar
Estudos de famílias sugerem que o transtorno bipolar tenha uma base genética;
O transtorno bipolar (TBP) é uma condição psiquiátrica relativamente freqüente, com prevalência na população entre 1% e 2%;
É caracterizado por episódios de alteração do humor de difícil controle – depressão ou mania (bipolar I) ou depressão e hipomania (bipolar II);
É comum o surgimento entre o início da segunda e meio da terceira década de vida;
Estudos determinaram a prevalência do TBP e de outras doenças psiquiátricas entre parentes de probandos com TBP e, em alguns casos, entre parentes de indivíduos-controle saudáveis;
Já os estudos de adoção e de gêmeos têm maior poder de distinção entre os componentes genéticos e ambientais. No caso do TBP, esses estudos fornecem evidências de uma natureza genética para a doença;
Um componente genético para o TBP, também indica a possibilidade de outras condições psiquiátricas fazerem parte de um mesmo espectro fenotípico;
Uma condição que possivelmente faz parte do espectro bipolar é o transtorno esquizoafetivo, do tipo maníaco;
Desde 1969, diversos grupos propõem que o TBP tenha uma herança dominante ligada ao X. As observações iniciais que geraram esta hipótese foram a ausência relativa de transmissão pai-filho e a presença de ligação com o daltonismo;
No entanto, é improvável que a transmissão pelo cromossomo X ocorra em todas as famílias com TBP, ou mesmo em proporção significativa delas;
Conforme discutido por Hebebrand, essa transmissão implicaria que todas as filhas de homens afetados fossem também afetadas (ou ao menos uma grande proporção delas, devido à penetrância incompleta), o que não é visto em dados de prevalência em famílias;
A opinião atual é que o TBP seja herdado como um traço oligogênico ou multifatorial. Também é possível que algumas famílias com a doença apresentem segregação de um único gene – ou por ser o traço monogênico, ou porque apenas um entre os diversos genes envolvidos é polimórfico naquela família;
Diversos transtornos neurovegetativos, nos quais ocorre o fenômeno da antecipação (início mais precoce e formas mais graves da doença a cada nova geração), são causados pela expansão de seqüências de repetições de trinucleotídeos, sendo mais comum a repetição de CAG. Diversos estudos de esquizofrenia e TBP sugeriram a ocorrência de antecipação nessas duas condições, desencadeando, com isso, a busca por repetições instáveis de trinucleotídeos[1];
O TBP é uma das condições psiquiátricas na qual a identificação de genes parece ser mais provável. Ao mesmo tempo, os pesquisadores concordam que algumas melhorias metodológicas são necessárias para que tal objetivo seja atingido;
Acredita-se que as famílias de probandos com doença de início precoce tenham maior grau de “carga genética”, sendo assim um subgrupo particularmente interessante para pesquisa. Outra forma de definição fenotípica seria combinar o diagnóstico clínico a marcadores biológicos. Alguns dos achados mais promissores dos estudos de ligação foram obtidos a partir de populações etnicamente homogêneas, como os franco-canadenses,40 a população Amish ou costarriquenhos.
Fonte: ALDA, Martin. Transtorno bipolar. Rev. Bras. Psiquiatr. 1999, vol.21, suppl.2, pp. 14-17.
[1] Região de DNA constituída de um número variável de seqüências trinucleotídicas repetitivas e contíguas. A presença dessas regiões está associada com doenças como a síndrome do X Frágil e distrofia miotônica. Muitos sítios cromossômicos frágeis (fragilidade cromossômica) contém repetições trinucleotídicas expandidas.