domingo, 1 de maio de 2011

DEPRESSÃO

No ultimo relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), a depressão se situa em quarto lugar entre as principais causas de ônus entre todas as doenças.

Perturbações há muito chamadas de melancolia são agora definidas como depressão.

O termo depressão foi inicialmente usado em inglês para descrever o desânimo em 1660, e entrou para o uso comum em meados do século XIX.

Os gregos já partilhavam a idéia moderna de que as doenças da mente estão conectadas de algum modo à disfunção corpora

l.

A depressão foi por muito tempo ligada a um excesso de bile negra, que é fria e seca. Entretanto, essa substância não foi encontrada até hoje no ser humano.

(Hipocrates) Ele acreditava também na importância do diálogo e na necessidade de não deixar o doente sozinho. Diante de observações de que mulheres melhoravam após a menstruação, foram sugeridas sangrias e evacuações, que perduraram pelos próximos 1500 anos4.

A depressão, ainda denominada melancolia, era uma doença especialmente nociva, uma vez que o desespero do melancólico sugeria não estar ele embebido de alegria ante o conhecimento certo do amor e da misericór

dia divinos. A melancolia era considerada um afastamento de tudo o que era sagrado. (idade media)

Na época da Inquisição, no século XIII, a melancolia foi considerada um pecado e algumas pessoas eram multadas ou aprisionadas por carregarem esse mal da alma, que não tinha cura.

No século XVI, a noção de melancolia foi definida, parcialmente, pelos sintomas apresentados, entre eles, as idéias delirantes. Há relatos de pessoas que acreditavam ser animais, outros pensava

m ser feitos de vidro ou de palha e outros imaginavam ser culpados por crimes. No final do século XVI e ao longo do século XVII, a melancolia tornara-se uma aflição comum que podia ser prazerosa ou desprazerosa. Os argumentos de Ficino ecoaram por toda a Europa, a melancolia entrou na moda, sendo desejada. Muito foi escrito sobre como a melancolia torna um homem melhor e mais inspirado. Shakespeare, com o personagem Hamlet, mostra a me

lancolia como essencial para a sabedoria e básica para a loucura.

O reconhecimento da dicotomia entre corpo e mente (dualismo cartesiano) vai causar uma enorme mudança no arcabouço da depressão. A mente, distinta do cérebro, apresenta dúvidas, interpretações duvidosas e inconsistências, mas não doença. A doença é um aspecto físico. É nessa época que começam os questionamentos que muitos ainda fazem. A mente influencia o corpo ou é o corpo que influencia a mente? A depressão é um desequilíbrio químico ou uma fraqueza humana?

Ao final do século XVIII serão classificadas como melancolia as loucuras sem delírio, porém caracterizadas pela

inércia, pelo desespero, por uma espécie de estupor morno

O trabalho duro foi considerado, no século XVIII, como o melhor remédio para a depressão, visto que a melancolia, o desalento, o desespero e freqüentemente o suicídio são a conseqüência da visão sombria das coisas no estado relaxado do corpo. Interessante observarmos que muitas concepções atuais da depressão estão firmemente arraigadas nos pensamentos da Idade da Razão. As questões do ócio, preguiça, falta de vontade e a necessidade do trabalho braçal ainda podem ser percebidas em alguns meios, quando ouvimos frases como: depressão é doença de quem não tem o que fazer e o remédio é um tanque cheio de roupa suja para lavar.

As mentes se voltam para o sublime, ao mesmo tempo magnífico e comovedor. Immanuel Kant sustentava que o sublime sempre fora acompanhado por algum terror ou melancolia.

O depressivo, na visão do filósofo Arthur Schopenhauer, vive simplesmente porque tem um

instinto básico e, assim como Voltaire, acreditava no trabalho. Não porque o trabalho gere alegria, mas porque distrai os homens de sua depressão essencial O século XIX trouxe descobertas na biologia, na física, na química, na anatomia, na neurologia, na bioquímica, o que permitiu relacionar as doenças mentais com a patologia orgânica do cérebro.

O século XIX também foi chamado por Pessotti de O século dos manicômios, devido ao enorme número de manicômios construídos e ao grande número de internações realizadas nessa época. O manicômio foi o núcleo gerador da psiquiatria como especialidade médica. Michel Foucault sugeriu que essa medicalização fazia parte de um plano de controle social2. O capitalismo imperialista e monopolista estava consolidado.

No século XX houve a consolidação da psiquiatria, além disso, surgiram os movimentos sociais e comunitários que visavam modificar as formas de atendimento e assistência ao paciente psiquiátrico. Os avanços e descobertas em psicopatologia, farmacologia, anatomia patológica, neurologia e genética possibilitaram que a psiquiatria adquirisse fundamentação científica para os conhecimentos oriundos da prática clínica, da observação e da experiência.

Na década de 1950, os antidepressivos foram descobertos, ocasionando um avanço para o

tratamento da depressão. Os mecanismos de ação mantêm relação com os neurotransmissores.

A psiconeuroimunologia aponta a existência de uma comunicação bidirecional entre os sistemas imunológico e neuroendócrino. Existem consideráveis evidências de que a depressão maior esteja associada a alterações do sistema imunológico

A preocupação atual com o diagnóstico é muito grande, porém pesquisas demonstram que, em média, 50% das pessoas que chegam à rede básica de saúde com sintomas de depressão não recebem diagnóstico e tratamento corretos. Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) surgiram como alternativa para o tratamento, substituindo o modelo do hospital psiquiátrico tradicional. No cotidiano do trabalho nos CAPS são realizadas atividades que visam à socialização da pessoa portadora de transtorno psíquico, entre elas: educação física, oficinas culturais, oficinas de música, de expressão corporal, de dança, caminhadas no bairro, entre outras.

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